Um conto de natal

É eu sou assim! Fiquei vários meses sem escrever nada aqui e de uma hora para outra tento fazer o que não fiz nesse tempo todo. sou assim mesmo, vivo no meu tempo! Mas tinha uma coisa que desde que me aconteceu fiquei me prometendo que na primeira oportunidade escreveria aqui contando, não que eu pense que alguém venha a ler , mas pelo simples fato que tem haver com a proposta (?) desse meu blog, que é contar as enrrascadas que me enfio de vez em quando...

Dezembro, festa de final de ano na casa de um amigo

Meu telefone toca:

Aspirina (sim! Esse é o apelido dele): Alô! Robson? Tudo bem cara?

Eu: Fala Aspirina, que que manda??

A: cara passa aqui em casa hoje a noite, vou fazer uma festa de final de ano e gostaria que você estivesse aqui...

R: pode ser...

A: não precisa trazer nada...só sua sede!
Pelos anos que tenho de vida sei que essa conversa de " só sua sede" é furada!

R: tem certeza que não preciso levar nada?

A: Ô rapá? É festa na minha casa pode chegar até de cueca que aqui tu tá em casa!

Pensei: que merda!

Sabia que meu destino naquela noite seria ver televisão, não tinha planos de sair, mas era final de ano! calor, todo mundo na rua se divertindo e eu sem fazer nada, iria mesmo dispensar a festa na casa do meu estimado amigo Aspirina?

Resolvi que coisa melhor não podia pintar, e que no pior se a festa estivesse uma merda, eu sempre poderia inventar uma desculpa e correr para casa.

Tomei banho me arrumei, comprei um engradado de cerveja ( pra garantir), e sempre tomando o cuidado de chegar um pouco mais tarde do que o combinado, ( assim, a festa estaria em "ponto de bala" ) cheguei na casa do meu amigo e para minha surpresa a coisa parecia ser como ele havia dito,(minhas latinhas se perderam na vastidão do freezer lotado de cerveja), Aspirina sempre muito educado me apresentou a metade da festa pelo meu apelido de infância, e sempre fazendo questão de contar a vez em que subi no telhado de sua casa e na volta cai em cima do jardim da mãe dele, destruindo as plantas, e que sua mãe por falta de opção bateu nele durante uma semana por minha causa!

Até aí tudo bem! Resolvi que ficar bebericando minha cerveja em algum canto escuro não resolveria nada, o negócio era participar do evento, e assim fui para o meio da roda de piadas e fiz a minha parte...

Madrugada de Domingo

Sentado no sofá que a essa altura já era uma esponja de cerveja eu estava me perguntando como eu tinha bebido tanto, a essa hora a festa se resumia a um grupo reduzido de convidados, no máximo dez! havia um casal muito interessante que chamou minha atenção a noite toda ( ele indiano de fartos bigodes, altura mediana, bem magro, que vestia uma camisa xadrez e uma calça vermelha com bota, ela uma mulata com os cabelos tingidos de loiro até a cintura, dois metros de altura e pesando uma tonelada e meia, vestindo uma saia tamanho "pp", e um top, eles chamavam a atenção até mesmo dos aviões que passavam há cinco mil pés de altura), até aí tudo bem! Meu amigo Aspirina sempre foi um cara muito sociável e para ser franco o casal estava apaixonado! Nada mais bonito que o amor! Acho até que senti um pouco de inveja deles, que só tinham os olhos um para o outro!

Só lembro de estar pensando que nem fudendo eu iria dormir lá, quando nossa "amiga" tirou o top, no meio de uma musica da lady gaga, enquanto o nosso "amigo" fazia coreografias exóticas com ela, tudo regado a cerveja e batida ( a famosa batida de abacaxi com limão do aspirina), confesso que a cena me chocou! O negócio era uma mistura de discovery channel com filme pornô, a empolgação do casal foi mais que suficiente para espantar o restante dos convidados que numa interpretação literária pode-se dizer que saíram correndo, eu sentado no meu sofá ensebado não tive a presença de espirito de me proteger, e por longos dois minutos fiquei observando a cena que se resumia em uma mistura de corpos onde se via a calça vermelha e as vezes longas tranças loiras, enquanto meu amigo Aspirina dançava em volta deles batendo palmas, lembro de Ter pensado algo do tipo: " fudeu!" mas agora mais calmo não sei se meu cerebro foi capaz de algum raciocinio , acho que era muita informação para ele! Se posso dizer alguma coisa é que "até aí tudo bem" , quando a música acabou ( ou se recusou a continuar, ainda não sei), o nosso "amigo" já empolgado pela overdose de cachaça, veio tirar satisfação comigo...

Calças vermelhas: Você, tá olhando muuiiiito pra minha "dona"! se você não fosse convidado de meu amigão, irmão, chapa Laercio ( esse é o nome do Aspirina), eu dava uma surra... ( o sujeito, nem conseguia ficar em pé e mesmo deitado, não teria condições de formular uma frase)

EU: O senhor vai me desculpar...mas eu não...( o que dizer numa hora dessas? Negar o que? )

CV: Você não para olhar para minha senhora....seu abusado!!!

EU: Não posso negar que sua senhora chama a atenção mas...

CV: CALADO!! Ou eu parto sua cara!!!

Do meu ponto de vista a coisa estava mais ou menos assim: sofá cheirando a cerveja, um senhor Indiano de calças vermelhas trocando as pernas, completamente embriagado querendo arrumar confusão comigo, enquanto ao fundo Aspirina dançando e rodando com uma rinoceronte loira.

Nesse momento Aspirina, em raro momento de lucidez largou aquela montanha performartica e veio correndo em nossa direção com um sorriso aberto...

A: Ô polônio, deixa meu amigo em paz...

CV: esse seu amigo é muito abusado! Não para de dar em cima da creide!

A: Popô, meu amigo aqui, é de casa! Ele sabe que ela tem dona! Essa ela não pega!

Eu pensei: PUTA QUE PARIU!!!!

Nesse momento, ele começou a chorar e a dizer que a "creide" era o amor da vida dele que ele só tolerou esse desrespeito por causa do Aspirina, que eu praticamente assediei a mulher dele...que malandro como eu ele via todo dia...etc...etc...

Ao fundo sem saber ou sem ligar para o que se passava estava nossa amiga que ainda dançava, agora ao som de Michael Jackson , enquanto eu estava espremido entre aquele sofá gosmento e um amante ferido de calças vermelhas enquanto meu amigo Aspirina, o puxava de volta para a dança e para junto de sua amada...e eu...bem....eu só queria saber que diabos eles haviam tomado.