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3 de agosto de 2009

Domingo na Praia



Apesar de ser carioca não existe coisa que mais me desagrada do que praia, não sei explicar o motivo mas sei que aquele lugar é detestável, sempre achei, e acho que nada vai me fazer mudar de idéia. Já vou avisando que para eu ser seu amigo uma coisa fundamental é nunca me convidar para ir a praia isso poderá abalar o nosso relacionamento, escrevendo aqui me lembrei de uma vez que fui convidado a “curtir” um dia na praia com os amigos. O convite surgiu de forma inocente tipo:
-vamos a praia amanhã com a gente? Naquela hora eu já tinha bebido umas cervejas e achei a idéia bacana, todo mundo ali era legal pra caramba e seria divertido passar um dia com eles na praia rindo e bebendo cerveja.
-Claro ! respondi, feliz por estar sendo convidado, que horas vocês vão sair?
- seis horas. Eu nunca entendi essa historia de que para ir a praia tinha que acordar cedo, qual o problema de chegar na praia mais tarde? Ok todo mundo vai te dizer que depois das dez da manhã o sol é perigoso e você pode pegar câncer de pele e todas aquelas palhaçadas, mas o problema é que todo mundo que chega cedo a praia quando dá dez da manhã se levanta e vai dar um mergulho...NINGUEM VAI EMBORA!
Tudo bem eu pensei, vamos chegar cedo para pegar o sol da manhã e na hora do almoço voltamos pra casa.
-Seis e meia vamos passar na sua casa para te pegar, tudo bem? Bem, tudo bem não estava mas palavra é palavra. E fui para casa dormir arrependido da merda que tinha feito em aceitar a participar desse programa que eu sempre soube que não gosto e muito dificilmente iria passar a gostar de um dia pro outro.

Domingo

6:45 – Acordei com um carro que não parava de buzinar na porta da minha casa, eu sabia que tinha bebido na noite anterior mas nada justificava aquela dor de cabeça, sabia que havia alguma coisa errada e me estiquei todo na cama e lá fora : BIP BIP ... lembro de ter pensando alguma coisa do tipo porque essa pessoa não desiste? Nesse momento surgiu na minha cabeça a imagem de mim sorrido e achando o maximo aquele convite para a praia, levantei dei um pulo e sai da cama já me esticando pegando carteira, colocando a bermuda e em dois minutos já estava no portão...

6:47- Quando saio no portão vejo uma Belina 77 abarrotada de gente, com um isopor enorme amarrado com fio no teto, eu pensei : só pode ser sacanagem! Por algum motivo o motorista continuava buzinando eu corri para a porta quando ele falou :
- Não aqui não dá! Você vai lá trás, eu disse: o que? Lá trás onde? Ele me respondeu como se isso fosse muito normal: você vai na mala segurando as barracas e as cadeiras...pronto! agora sim era sacanagem!!

7:00- Câimbra na perna no pescoço e braço dormente, pelo menos minhas pernas estavam para o lado de fora, estacionamos no posto para abastecer, começou o rateio para a gasolina, fiquei pensando no quanto aquela coisa velha bebia de gasolina, e que na verdade, eu deveria ser poupado da vaquinha já que nem uma vaga no banco do carro havia reservado para mim, mas acabei contribuindo, já que não havia alternativa.

8:45- Após meia hora de discussão sobre qual praia deveríamos aportar, o grupo ( menos eu, que por alguma razão, talvez o fato de estar na mala, não me permitia o voto) optaram pela praia mais distante, dentre as centenas de praias da cidade eles resolveram que seria super legal ir para a mais distante, claro! Ninguém que votou estava na mala com as pernas de fora todo torto segurando um monte de bagulho.

9:20- O sol já estava infernal e por essas coisas da vida o único lugar onde não ventava era justamente na mala que o grupo mais uma vez votou que por “questões de segurança” deveria se mantida semi-fechada, com a minha ajuda lógico, agora eu segurava as cadeiras as barracas e a porta da mala que ficava insistentemente batendo na minha canela.

9:45- O sol agora já estava a ponto de bala e a estrada para a praia por alguma razão desconhecida estava congestionada, era carro parado a perder de vista nada se movia e eu ali dentro fazendo papel de mico, para todos os carros que estavam atrás, por uma ou duas vezes tentei esconder minha cara, mas tendo que segurar tanta coisa não dava para me preocupar com minha imagem.

10:15- Puta que o pariu! pra que sair de casa tão cedo se eles escolheram a única praia onde eles iriam chegar tarde??? Eu ficava pensando, todos pareciam estar se divertindo, com aquele engarrafamento. Alguém dentro do carro teve a presença de espírito de sugerir que ligassem o radio, que até agora estava desligado, todos pareceram aprovar a idéia, e logo depois de uma discussão sobre em qual radio deveria ficar, houve uma votação, que mais uma vez não participei, e o radio foi ligado no volume três milhões, e pra minha surpresa dentro da mala era justamente onde ficavam os auto-falantes de 2500 watts cada um, agora eu me preocupava em segurar as cadeiras as barracas proteger minha canela e não ser cuspido para fora do carro pela vibração da musica.

11:25- Chegamos na praia !! o sol estava abrasador, subia vapor quente para todos os lados mas eu já estava acostumado, afinal, meus pés estiveram o tempo todo a dez centímetros do asfalto derretido e agora eu pensei seria o momento para relaxar, fiquei muito feliz quando pude sair daquele inferno, a essa hora já não sentia mais meus braços que estavam dormentes, mas reagi, e para minha surpresa notei que estávamos na beira de um precipício e que para chegar até a areia tínhamos que descer quarenta e cinco metros de ribanceira.

11:45- Estava eu no meio da ribanceira atracado com as barracas e cadeiras e uma caixa de cerveja em latas em baixo do braço, apavorado para não escorregar, com o chão em brasa queimando meus pés, tentando andar mais rápido, doido para chegar na areia.

12:05- Eu estava puto! As meninas tiraram a roupa e já começaram a se lambuzar de bronzeador, e sobrou para mim e para outro rapaz, o mesmo que queria ouvir musica, a armar a barraca e cuidar de tudo enquanto os outros dois arrumavam a churrasqueira, eu estava desesperado e morrendo de vergonha, eu não conseguia parar de pensar que nem de praia eu gosto.

13:20- Eu estava morrendo de fome e nada do tal do churrasco sair, tinha acabado de finalmente conseguir montar as barracas, quando algumas das meninas que estavam rindo e se divertindo com biquines atochados lembrou que tínhamos esquecido de comprar o gelo, após algumas discussões para saber quem iria buscar, com meus dois amigos alegando que eles não podiam se ausentar da frente da churrasqueiras por motivos que só quem sabe fazer churrasco sabem, a briga ficou entre mim e o meu “amigo” que havia dividido a tarefa de montar o “acampamento” mas nesse momento a uma das meninas que era namorada dele alegou que a presença dele também era fundamental ali, e não restou outra alternativa, lá fui eu buscar a merda do gelo.

13:45- Parecia que o lugar onde estávamos nunca ia chegar eu carregando um saco de gelo no ombro embaixo de um sol escaldante com meus pés derretendo na areia e com as costas encharcadas pela água gelada do gelo que derretia, com todo mundo me olhando, já não tinha mais vergonha de nada, nessa hora a única coisa que queria era beber uma cerveja e fingir que nada daquilo tinha acontecido.

13:52- Cheguei exausto, jogando o saco de gelo em um canto e me jogando na areia fervente para esquentar minhas costas já congeladas, foda-se o pulmão eu precisava daquilo, reparei que ninguém foi cuidar do gelo porque eles estavam muito ocupados comendo o churrasco e que na próxima ia sair uma carninha especial pra mim.

14:59- Sem protetor, sem lugar na barraca pra ficar ( agora as meninas queriam “descansar” embaixo dela) só me restava mesmo beber minha cerveja e olhar o horizonte enquanto eu pensava numa forma voltar para casa em paz.

17:58- PORRA!!! Esse povo não vai embora não??? Na verdade eu já não tinha forças para nada meu corpo estava todo dolorido por causa do trabalho escravo e agora já começava a arder, e minha cabeça não saia da volta e ter que desmontar todo aquele acampamento que a essa altura eu queria ver pegando fogo com todos eles dentro enquanto eu bebia minha cerveja e ria da cara deles.

18:25- Voltei feliz na mala da Belina, com a perspectiva de chegar em casa, agora o radio estava baixo e todos pareciam cansados, graças a Deus, ninguém queria conversar muito e a viagem voltou traquila, eu já não estava me importando em segurar caralho de porta nenhuma, muito menos barraca e cadeira que queria mais que caíssem pelo asfalto abaixo, me estiquei todo e até tentei dormir e quando cheguei em casa dei um até logo e pensei que nunca mais iria a praia, pode ser Ibiza, Fernando de Noronha, Natal, ou onde for definitivamente quem gosta de praia só pode ser maluco!!!!!

4 comentários:

iti disse...

narração de vida...
http://www.maquinazero.com.br

Carmen disse...

hahahahahaha!!!!!!! adorei sua odisséia pra ir à praia!!!
te conhecendo como conheço até imagino sua cara!!! hahahahahaha!!
e eu que adoro praia..., vamos comigo!?
bjo
;-)

luizffilho disse...

Compartilho seu desejo de tirar 2 Berettas cromadas da sunga e matar todo e qualquer transeunte praieiro.. ainda mais depois de um tal churrasco na praia.. só faltaram as crianças, Josicreide, Credislei, Josicrei, Credisleide.. com aquela bola rosa enorme jogando areia em todos..

Sua descrição foi bem engraçada, hehe, me diverti aqui imaginando seu perrengue.

Lu disse...

Olha, seria cômico se não fosse tragico...rs
Vc ja superou???rs
Bjooooosssss